domingo, 17 de janeiro de 2010

enCantamento

Nunca irei saber porque gosto desta mulher que nos olha de frente. Do brinco não é, que me não atrai o pechisbeque, mas há qualquer coisa de misterioso neste olhar que se perpetua de cada vez que a ele regressamos.
Consta que não tinha furo esta orelha, nem a ostentação da jóia condizia com o estatuto da retratada, mas o silêncio mantém a inocência de quem ali permanece e nos observa.
Teria 18 anos, dizem. Talvez 19 ou 20. Do brinco de pérola ficaram-lhe as cicatrizes do momento em que, por instantes, se sentiu elevada à condição de musa. Ou de deusa.

Vermeer, Johannes van der Meer 1632-1675
Rapariga com brinco de pérola, pormenor
Meisje met de parel (c.1665), óleo sobre tela 44,5 x 39 cm
Mauritshuis, Den Haag, Holanda

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